segunda-feira, 29 de outubro de 2012

(:::)

A vida é a maior das metáforas Redonda é uma bola Girando uma roda É um simples pião, dando várias voltas. Cada ser é um pontinho Na imensidão do universo. A vida é um enigma Um mistério sem solução Decifre-a ou ela devora-te Usa e abuse da imaginação.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Codex

No coração da sombra existe a luz. E no coração da luz existe a sombra. A experiência do ser é a experiência do círculo que mantém os dois juntos. ...O momento de repouso que fazemos é semelhante à nossa respiração. O inspirar e o expirar é uma não-dualidade. Se só inspiramos, sufocamos, se só expiramos, morremos. O sopro contem a inspiração e a expiração e o que é verdadeiro na nossa vida fisiológica é também verdadeiro na nossa vida psicológica. Tornar-se adulto é passar da idade dos contrários para a idade do complementar, para um outro modo de olhar as coisas. Se alguém diz algo contrário ao que penso e sou capaz de entender esse contrário como complementar, vou crescer em consciência e em compreensão. Se em vez de rejeitar ou negar alguns elementos da minha vida obscura, sou capaz de acolhê-los, torna-me-ei mais inteira. A sombra é o que dá relevo à luz. Quando amamos alguém, um dos sinais de amor verdadeiro é que amamos os seus defeitos. É fácil amar os defeitos dos nossos filhos. É difícil amar os defeitos dos adultos ou dos nossos cônjuges. Esse amor de que falamos não significa complacência, não é dizer ao outro que me agrada o que ele tem de desagradável, pois isso seria mentira e hipocrisia. O amor de que falamos é dar ao outro o direito de ser diferente. É dar a ele o direito de experimentar sua liberdade. De experimentar em mim mesmo esta capacidade de amar o que é amável e de amar, também, o que não é amável. Dessa maneira passaremos, de uma vida submissa para uma vida escolhida. Nossa vida vale pelo olhar que é posto nela. Os olhares de juiz enchem-nos de culpa. Há olhares benevolentes, misericordiosos e ao mesmo tempo, justos. Precisamos desses olhares porque todos nós temos necessidade de verdade e de sermos amados. Por vezes, os olhares que encontramos são muito amorosos, muito doces, mas falta a eles a exigência desta verdade. Outras vezes, os olhares que se colocam sobre nós são plenos de verdade e justiça, mas falta a eles a misericórdia e o amor. Há um olhar integral do qual temos necessidade a fim de nos vermos tal e qual somos. Porque a verdade sem amor é inquisição e o amor sem verdade é permissividade.Estas são reflexões gerais e cada um pode entrar em particularidades que lhes são próprias, sentindo se existe em sua vida alguém que pode suportar sua sombra sem julgá-la, apesar de não se mostrar complacente com ela. Creio que todos nós temos a necessidade, pelo menos uma vez nas nossas vidas, de um tal olhar pousado sobre nós. Nesse momento não teremos mais necessidade de mentir, de nos iludirmos, de usarmos máscaras. Podemos mostrar a nossa verdadeira face o, nosso verdadeiro corpo, com os seus desejos e os seus medos. Podemos mostrar a nossa verdadeira inteligência com os seus conhecimentos e as suas ignorâncias. Mostrar-se com o coração verdadeiro, capaz de muita ternura e também capaz de dureza e indiferença. Mostrar-se como não-perfeito, mas aperfeiçoável. Sob este olhar a minha vida pode crescer. Porque o olhar que nos julga e nos aprisiona numa imagem faz-nos ficar parados, enquanto que o outro olhar nos impulsiona a dar um passo adiante desta imagem que os outros têm de nós.

quinta-feira, 29 de março de 2012

O tamanho varia conforme o grau de envolvimento.



Uma pessoa é enorme para mim, quando fala do que leu e viveu,
quando trata de mim com carinho e respeito, quando me olha nos olhos e
sorri destravadamente.

É pequena quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma
maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que
teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas:
a parceria nos sentimentos e ações.


Uma pessoa é gigante quando se interessa pela minha vida, quando procura
alternativas para o meu crescimento, quando sonha junto comigo.


Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se
coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam
dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.


Uma pessoa pode apresentar grandeza ou miudeza dentro de um
relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas
semanas.
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser
grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser
ínfimo.


É difícil conviver com esta elasticidade : as pessoas agigantam-se e
encolhem-se aos nossos olhos.


O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de
ações e reações.


Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa
grande... É a sua sensibilidade, sem tamanho.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Equilíbrio






Equilíbrio é a habilidade de olhar para a vida a partir de uma perspectiva clara - fazer a coisa certa no momento certo.
Uma pessoa equilibrada será capaz de apreciar a beleza e o significado de cada situação seja ela adversa ou favorável.
Equilíbrio é a habilidade de aprender com a situação e de prosseguir com sentimentos positivos. É estar sempre alerta, ser totalmente focado, e ter uma visão ampla.
Equilíbrio vem do entendimento, humildade e tolerância. O mais elevado estado de equilíbrio é voar livre de tudo e, ainda assim, manter-se firmemente enraizado na realidade do mundo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Quase!!!!



Ainda pior que a convição do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas oportunidades que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos, oportunidades; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixem que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfiem do destino e acreditem em vocês. Gastem mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

domingo, 6 de novembro de 2011

Waiting For You




Os Meus olhos extasiados pela tua presença
Esqueceram-se do meu eu.
E o meu coração na busca de um amor,
acolhe-te, inocentemente
sem perceber que seria tua prisioneira.
Enquanto a minha vontade adormecida
Transforma-se em coragem para amar outra vez.
E no intimo afugentada pela paixão,
fez-me tremer de emoção.
E assim foram longos e maravilhosos os dias
até que percebo, não sou mais eu,
sou como um corpo celeste
que dentre um milhão se destaca brilhante
por esta paixão alucinante.
E se um dia este corpo deixar de brilhar,
levarei na imensidão do tempo o teu encanto
e determinada a não deixar me esquecer
deixarei as chamas desta paixão
aquecer para sempre o teu coração
e tornar-me-ei volúpia
para sufocar nos desejos dos teus pensamentos.
Sem licença ... sem permissão.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

memories



Há momentos que precisamos contar com um apoio que chega sem a presunção do pedido, que seja sincero, amável, seja eterno.
E esta eternidade que seja repleta de lembranças, de olhares e pensamentos que recordem sentimentos, gestos, abraços. Que seja completa e perfeita como o vento, que nunca cessa o seu sopro, levando esperança aos que esperam.
Que Estes olhos sejam lembrados por tantas vezes brilharem a ver que a vida reinicia no amanhecer, por ter transmitido felicidade através de uma profundidade que poucos compreendem. Este olhar que um dia observou toda uma vida, agora possa voltar a si mesmo, e contemplar um coração que muito viveu, muito suportou. Um coração que não cansa de bater, jamais cansou. Um coração que já se amargurou, já fez derramar lágrimas, bateu forte demais, já fez sorrisos serem transmitidos, e que já sonhou.
Que Estes sonhos sejam lembrados como utopias que se tornaram realidade, outras não. Sonhos almejados na simplicidade, outros até modificados, mas jamais esquecidos. Pois quem sonha não envelhece, contabiliza dias, que ao final, podem encerrar a conta com uma fortuna que não pode ser avaliada, somente relembrada.
Que Estes lábios sejam lembrados por uma palavras ditas para espalhar o amor, pelos sorrisos que surgiram de sorrisos alheios e, da mesma forma que apareceu na minha face e moldei em outras.
Que Estas mãos sejam lembradas pelas vezes que ajudaram a erguer outras mãos, pelas vezes que abraçaram firmemente aqueles que não queria que partissem. Que Estas mãos sejam valorizadas por serem tão calejadas.
E a saudade que sinto faz-me lembrar que o amor ainda existe, que um dia pude chamar alguém para escutar as minhas histórias! Seja para lembrar que os dias passam, mas podem ter continuação em outros. Que Esta saudade boa de sentir, de lembrar tantas coisas, seja um auxílio para poder, um dia, reviver todas elas.
E os passos deixados para trás sejam para mostrar que um ideal foi seguido, que curvas foram feitas no meio do caminho, mas que ao final, tantas pegadas irão encontrar outras tantas. Estas pegadas, no meio do percurso, cruzou outras, até modificou direções. Algumas vezes já se perderam, mas souberam reencontrar o caminho.
Que Estes ombros possam ser lembrados pelas vezes que serviram de encosto. Pelas vezes que enxugaram algumas lágrimas.
E as vezes que pedi perdão sejam lembradas para mostrar que já errei, mas reconheci as minhas falhas. Não tive razão em todas as vezes, mas procurei compreender. E assim eu não me esqueça o tanto que já vivi, e que minha vida significa muito para alguém, e jamais eu possa cansar de arriscar.
E que a vida seja lembrada pela sua intensidade, pois cada momento já é o suficiente para lembrar que ser forte é continuar onde tantos param.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Nós





Quando soubeste que eu vinha viver para aqui, disseste: “É um lugar bonito: aceita com ambas as mãos”.
A paisagem é bela, sim. É o Alentejo, com estas intermináveis planícies onduladas polvilhadas de oliveiras, azinheiras e sobreiros. É também, agora, uma terra alagada por mil braços do Guadiana, que uma barragem lá ao longe fortaleceu e fez crescer. Do alto do castelo vejo grandes extensões de água. E várias ilhas, outrora pequenas elevações de uma terra árida.
Uma paisagem é, pelo menos, incompleta. Olhamos… e pensamos logo em a quem iremos contá-la. É capaz de fazer nascer em nós qualquer coisa que só quando é comunicada adquire peso e volume.
Também o pintor- julgo eu – não deseja gravar no seu quadro a paisagem, mas aquilo que nasceu nele ao ver a paisagem. Ou sucede-lhe dar forma de paisagem àquilo que descobriu dentro de si e não sabe manifestar de outro modo. O que ele quer é dizer-se a outros e ser entendido.
A paisagem é sempre mais fácil. Lida-se melhor com os sobreiros do que com os homens, com as coisas do que com as pessoas. No entanto, trazemos connosco a necessidade vital de comunicar, e só o podemos fazer com quem é semelhante a nós. Precisamos disso para nos localizarmos, para sabermos quem somos, para chegarmos a onde devemos chegar.
Podemos usar um objecto e deitá-lo fora quando já não nos convém, mas a relação verdadeira entre pessoas exige criar laços, mais ou menos profundos, e, depois, respeitá-los. Talvez uma das causas de o mundo estar tão triste seja que tentamos lidar com as pessoas como com as coisas. Talvez isto tenha contribuído para que andemos tão perdidos, tão sem saber onde estamos. Usando as pessoas e, depois, talvez desiludidos, desfazendo-nos delas, começámos por perder o calor e a luz da amizade – que praticamente desapareceu da face da terra. E, agora, estamos a perder a família.
Numa época em que uma noção errada de liberdade, muito divulgada, leva a não contrair vínculos e a quebrar com facilidade os vínculos contraídos, é oportuno recordar que a liberdade é, na sua forma maior, liberdade de nos amarrarmos. É esse o significado de “criar laços”. Nestas terras, quando há um casamento diz-se que aquele homem e aquela mulher vão “dar o nó”. Não perdem a liberdade: exercem-na da forma mais excelente, prendendo-se um ao outro definitivamente de livre vontade.
Não devemos ter pena do que “perdemos” quando escolhemos, pois isso faz parte da natureza da liberdade. Cada vez que escolhemos algo, sacrificamos as outras possibilidades. No fundo, sermos livres quer dizer que temos alguma autonomia para escolhermos de que forma vamos renunciar a passar a vida fazendo tudo aquilo que nos apeteça.
É através do compromisso – uma opção sem retorno que em alguns casos existe sem que tenha ficado escrita num documento – que nos ligamos ao amigo, ao esposo ou à esposa, a uma tarefa em conjunto com outras pessoas… E ligando-nos aos outros localizamo-nos. Se tens filhos, tens uma tarefa e, com ela, um lugar no mundo. E todos os teus passos estão cheios de sentido. Fugindo de te amarrares, poderá chegar o momento em que perguntes a ti mesma o que estás aqui a fazer.
A liberdade é a grandeza de poder fazer escolhas. Mas, se essas escolhas não tivessem consequências, se nos permitíssemos voltar atrás em assuntos cuja natureza não admite isso, a nossa liberdade ficaria esvaziada. E estaríamos a anular a nossa personalidade, porque nós somos aquilo que fazemos com as nossas escolhas. É com elas que traçamos o nosso caminho e nos definimos.
É errado pensar que a vida é um jogo e que, se algo correr não exactamente de acordo com as nossas expectativas, podemos jogá-lo de novo desde o início, com novas oportunidades de êxito. Seria uma tolice considerar que temos direito a um caminho de triunfos, sem sofrimentos nem desilusões, sem coragem nem heroísmo. Porque isso não sucede a ninguém e não é deste mundo. Aqui é preciso escolher e, depois, seguir em frente até ao fim. Por vezes com os ombros pesados de cansaço, de dor, de desilusão, de fracasso…
Aceitarmos as consequências das nossas escolhas, carregarmos com o peso delas, honrarmos a nossa palavra, tem o nome de responsabilidade. E só ela confere realidade à liberdade. Só a mulher responsável é autenticamente livre. A outra… joga; é ainda criança, imatura, pouco mulher.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

livre



Não sei se isto está bem ou está mal. Sinceramente, quero lá saber! O que eu sei é que gosto disto. E também sei que sou livre. Ninguém — nem Deus — me pode impedir de fazer aquilo que me apetece. Ninguém me pode impedir de ser feliz. Aqueles que insistem na existência do bem e do mal, lá no fundo, pretendem impedir-nos de sermos felizes. Porquê? Porque são uns infelizes. São uns frustrados. Nunca fizeram o que lhes apetecia na sua vida. Sempre cumpriram — religiosamente — o seu dever. E esse seu dever asfixiou-os, murchou-os e impediu-os de aproveitarem a existência.
Todos já ouvimos algum raciocínio deste tipo. É um modo de pensar que se encontra em muitas pessoas ao nosso redor — sobretudo, nos jovens. No entanto, não é um modo de pensar exclusivo dos nossos dias. Sempre esteve presente, na História da Humanidade, o equívoco de confundir a liberdade com fazer aquilo que nos apetece. É um equívoco relativamente comum, mas isso não significa que não seja, ao mesmo tempo, um erro crasso com funestas consequências para a vida de uma pessoa. Consequências que — muitas vezes — só se descobrem tarde demais.
Não é à toa que alguém disse — e com razão — que a educação consiste sobretudo em ensinar a usar bem a liberdade. É que nós, quer queiramos quer não, estamos obrigados a ser livres. Estamos obrigados a escolher um caminho concreto a percorrer nesta vida, entre as variadas bifurcações que se nos apresentam todos os dias. No entanto, temos de ter atenção a um “pequeno” detalhe da liberdade que nos pode passar despercebido: estamos obrigados a escolher mas não estamos obrigados a acertar.
Com o mesmo dom da liberdade podemos construir a nossa vida ou destruí-la. Podemos desenvolver-nos ou degradar-nos. Podemos realizar o bem ou deixar-nos arrastar pelo mal. Podemos chegar à felicidade eterna ou perdê-la para sempre. Sermos livres não é — sem dúvida nenhuma — uma brincadeira com consequências inócuas. A liberdade não nos foi concedida para fazermos o que nos apetece, mas para fazermos aquilo que nos convém. A isso chamamos “bem”. Ao que não nos convém, chamamos “mal”.
E se — com esperteza saloia — chamarmos ao “mal” “bem” porque nos apetece fazê-lo? Nesse caso, deformamos a nossa visão da realidade. No entanto, a realidade — a verdade das coisas — não se deforma. O tempo acabará por dar razão à realidade — não à nossa deformação mental. Não é por fecharmos os olhos à realidade que ela desaparece ou deixa de ser aquilo que é.
Pois bem: para fazer o bem com constância — e não só quando nos apetece — temos de possuir uma autêntica força de vontade. A força de vontade liberta-nos das cadeias da nossa própria debilidade — das cadeias dos nossos apetites sensíveis. Torna-nos mais livres porque a liberdade exige um senhorio sobre nós mesmos. Quem não consegue dominar-se a si mesmo nunca poderá ser verdadeiramente livre. Sempre será escravo dos seus gostos e dos seus caprichos.

domingo, 31 de julho de 2011

Rise Above .............me






Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que triste;
Que o homem que eu amo seja para sempre amado
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A uma mulher inundada de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesma
Se torne ao menos suportável;



Que o espelho reflita no meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

terça-feira, 12 de julho de 2011




Não confundir o amor com a paixão dos primeiros momentos, que pode desaparecer. O verdadeiro carinho cresce na medida em que os dois estão mais unidos, porque partilham mais. Mas para partilhar é preciso dar. Dar é a chave do amor. Amor significa sempre entrega, dar-se ao outro. Só pelo sacrifício se conserva o amor mútuo, porque é preciso aprender a passar por alto os defeitos, a perdoar uma e outra vez, a não devolver mal por mal, a não dar importância a uma frase desagradável, etc. Por isso o amor também significa exceder-se, fazer mais do que é devido.
As coisas grandes são aquelas que o amor nos leva a fazer, e muitas vezes realizam-se por meio de pequenos gestos. Fazem-se pisando os nossos apetites e gostos, abandonando o cómodo estojo no qual temos tendência a encerrar a nossa existência.

terça-feira, 7 de junho de 2011

prisão



Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.
Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre em toda a minha vida. Por dentro eu sempre me persegui. Eu tornei-me intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.

sexta-feira, 3 de junho de 2011




Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme para ti quando fala do que leu e viveu, quando te trata com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena para nós quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante quando se interessa pela tua vida, quando procura alternativas para o teu crescimento, quando sonha. É pequena quando se desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichés.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. O Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, torna-se mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

segunda-feira, 23 de maio de 2011





Amor não é envolver-se com a pessoa perfeita,
aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encarem a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando as suas qualidades, mas sabendo também dos seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

terça-feira, 26 de abril de 2011






Sou uma pessoa de dentro para fora. A Minha beleza está na minha essência e no meu carácter. Acredito em sonhos, não em utopias. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é para viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.
Sou isto hoje...
Amanhã, já me reinventei.
Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.
Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Perco-me, procuro-me e acho-me. E quando necessário, enlouqueço e deixo andar...
Não me entrego pela metade, não sou dele meio amiga nem seu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou parva, mas não sou burra. Ingénua, mas não santa. Sou uma pessoa de riso fácil...mas choro também!!!!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

PEDAÇOS DE MIM





Eu sou feita de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feita de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.

quinta-feira, 31 de março de 2011

me




Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

closer





Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces. Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausta. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida. E eu sinto que os meus gestos existem nos teus gestos e a minha voz existe na tua voz.
Não te quero ter porque no meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Os teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque os meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. Mas eu possuirei algo de ti como ninguém, porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz perenizada.....

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Coisas que a vida ensina depois dos 30



Amor não se implora, não se pede não se espera...
Amor vive-se ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a nós.
Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para
mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que nós fazemos, não com o que dizemos.
As pessoas que falam dos outros para nós, vão falar de nós para os outros.
Perdoar e esquecer torna-nos mais jovens.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.
Não existe comida má, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de dinheiro.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o teu nome e as lembranças a cerca das tuas acções.
Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que
abrem portas para uma vida melhor
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções,
destrói preconceitos,
cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Acreditar.




Chegamos à vida sem tê-lo pedido. Cada um se encontra com uma realidade, não sempre agradável, nem fácil de levar: um país, uma cultura, uma família com umas características, uma identidade, e um projecto de vida pela frente.
Uns antes, outros depois, somos tocados pelo sofrimento, seja físico ou moral.
Apresenta-se de forma imprevista, tem mil rostos diferentes: uma amizade traída, uma doença dolorosa, um fracasso profissional, o próprio carácter difícil de ultrapassar… Mas não há sofrimento suficientemente grande que consiga arrancar do coração humano o desejo infinito de ser felizes. Por isso, cada dia empreende-se a aventura da vida com a esperança de alcançar um pequeno triunfo.
Somos seres para triunfar. E ainda que experimentemos frequentemente o sabor amargo da derrota, o ser humano ambiciona ganhar. O triunfo é a meta das acções humanas.
Milionários afamados, modelos de beleza, há muitos, e parece ser que cada vez são mais, mas, são todos felizes? Os seus olhares revelam muitas vezes frieza. Se triunfaram, porque é que só sorriem quando os vêm, e na solidão guardam silêncio e evitam o seu próprio olhar?
Conquistaram triunfos vistosos: a fama, o poder, o dinheiro… Mas essas coisas, assim como são vistosas, também deixam vazia a vida, e a alma seca. Isso é tudo na vida?
Se estamos feitos para triunfar, qual é realmente o Triunfo, com maiúsculas, que todos ambicionamos? A felicidade é a recompensa esperada, e o caminho que a ela conduz é o mesmo para todos: aprender a amar e ser amados.
Não busquemos três patas ao gato. Caminhos há muitos, mas só um nos faz felizes. O amor, fundamentalmente, exercita-se quando se luta para que seja o outro quem triunfa. Então… também ganho eu. No esquema oposto a qualquer dialéctica barata. Ganhamos ambos, se eu te ajudo a ganhar, inclusive mais e melhor que eu.
A nossa sociedade necessita recuperar a fé no amor. De tanto vendermos uniões passageiras, divórcio, a eliminação do que estorva, a sexualidade fechada à vida, o prazer como meta da existência, a violência como meio de imposição… os homens e mulheres do nosso tempo estão a deixar de acreditar que o amor existe, que a fidelidade é possível, que ganha mais quem mais ama.
Triunfa-se na vida quando se ama. Temos que acreditar no amor para não morrermos de tristeza. Todos temos asas de águia para voar muito alto, ainda que nos façam crer que somos galinhas de capoeira. O voo empreende-se quando se aposta no bem do outro.
Não são necessários actos heróicos, mas sim tornar heróico o quotidiano, concretamente amando. Ceder um assento no autocarro a alguém mais cansado que eu, sorrir ao dar os bons dias cada manhã na fábrica, escutar com atenção quem me conta os seus problemas, convidar para um café a quem tem frio, ou oferecer com agrado o próprio tempo aos seres queridos, para fazer… o que eles quiserem.
Amar não é complicado. Está ao alcance de todos. Os meios de comunicação não falam de toda a realidade, mas existe muito amor no mundo, ainda que não se venda como noticia sensacionalista. Há casais apaixonados depois de 60 anos juntos, homens que apoiam a sua mulher na sua busca de um bom trabalho profissional, mulheres que elogiam o seu marido quando educa os seus filhos, e filhos que se levantam mais cedo para que os seus pais encontrem o pequeno-almoço preparado.
Às vezes, só é necessário que um comece, para que os demais deixem de viver o esquema de “eu ganho se tu perdes”, e se decidam a escolher o “eu ganho só se tu ganhas”. Quando se ama, ganha-se sempre e ganham todos.
Pode ser que amar não seja rentável economicamente, que produza desgaste físico e emocional, que complique a vida e nos tire tempo, mas dá paz de consciência, faz-nos felizes, permite-nos viver num estado habitual de optimismo, desenha um sorriso sincero nos nossos lábios e ilumina o olhar com um brilho novo.
Um ditado hindu reza: “Tudo o que não se dá, perde-se”. Triunfa na vida, quem derrota o eu, para que ganhe o tu. Triunfa na vida, quem crê no amor, e se atreve a vivê-lo, com todas as suas consequências.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A ÚNICA FLOR




Não chorem às migalhas do chão!
Não lamentem os amigos que não tem!
Contentem-se com o que está nas vossas mãos,
poucos amigos, são os maiores bens.

Procurar ver no horizonte é sonhar!
Antever o futuro é previsão!
Viver de fantasia é divagar!
Pensar em tudo da vida é reflexão!

Folha seca solta ao vento,
Rola para onde o vento a levar.
O remorso tem sido o meu tormento,
De por alguns instantes, buscar o teu olhar.

Oculto, cultivo um amor que ignoras,
E te ofendo por amor com tal pretensão.
Gostaria eu ser uma bela ave canora
Que feliz e livre, pousaria em tua mão.

Não sou altruísta, não sou solução!
Sou uma folha seca que rola sem o teu amor,
Perdida no meu mundo de ilusão,
Onde, tu és num imenso jardim, a única flor!

É preciso estar só






É preciso estar só

É preciso estar só... para reconhecer os seus disperdícios,

lamentar pelo que foi mandado fora.

É preciso estar só... para se debater nas lembranças,

deslumbrar o passado e repudiar o agora.

É preciso estar só... para ressucitar os seus fantasmas

e confronta-los, e se entregar.

É preciso estar só... para admitir as pequenas questões,

entende-las como minúsculas .

É preciso estar só... para perceber que coisas pequenas derrubam coisas grandes,

que o amor pode ser eterno mas também pode ser muito frágil.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

visões





visões captando
seduzindo percebendo
sensações e momentos

luzes pífias, frias,
neons purpurinas
vãs fantasias

deglutindo percepções
digerindo informações
correndo nas veias

o puro, aproveitável,
relegando a dejectos
o fútil, passageiro....

paralelas




água corrente
límpida cristalina
nascida nas retinas

da alma sensível
passível
de emoções

escorre nas faces
nublando sorrisos
deixando cicatrizes

alegrias
de chegadas
e amargas despedidas

ânimos de euforias
pesares e agonias
levando, deixando

sinais na vida
sulcos em leitos
secos dos rios...





alheia nas evidências
vãs de minhas fechas
no cansaço da matéria

tampouco no calendário
dando conta
voos de mais de meio tempo

mantenho as matreirices
no olhar íntimo
de uma criança buscando

nos baús esquecidos
seu enredo inacabado
conto de fadas narrado

nem imagino
e me estranho
na imagem reflectida

como quem
da peleja
rende-se exausta

e o mundo rodou
nos avanços
e retrocessos

como na roda gigante
em parque infantil
no lampadário colorido

idas e voltas
cirandas melodias
encantos desencanto da vida...

turva





águas de rio desviando
percalços, incómodos,
deixando acomodados

espinhos encravados
atenuados relevados
postergados

na macio ta
relegando para lá
resolução insoluta

cravos das estacas
estigmas incrustados
cicatrizes da existência

vida distraída,
despercebida,
lacerada em dores

aliviando em orações
penitências perpétuas
caminhos em calvário...

sábado, 2 de outubro de 2010

decepções



Decepcionada com as pessoas
ligações perdidas e ocultadas
tudo está do avesso
perdido dentro de mim....longe muito longe
fechado, trancado....
Aos poucos fui percebendo o que se estava a passar
só não queria acreditar....só lamentar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

choro




Olhar entristecido pela saudade que sente
Coração sangrando pelas feridas que carrega
Corpo desanimado pelo peso que sustenta
Alma consumida pela paixão que enlouquece
Sentimentos emaranhados que a vida escurece
Desejos interrompidos que os olhos denunciam
Tempestade em lágrimas que a todos entristece
Ventania dos momentos que a boca emudece
Turbilhão em paixão sem solução
Sofrimento lento em gotas de choro
Um nome aclamado em coro...

domingo, 12 de setembro de 2010

to lose time





Saudade sentimento que arde
Ao passar por ti, o corpo invade
Sem maldade, rouba-lhe a paz
Molha o rosto com lágrimas que trás

Sorrir nesta hora torna-se arte
Fingir ser feliz, também faz parte
De quem sente saudade voraz
E de te esquecer é incapaz

O seu olhar traz-me alegria
O doce canto na aurora
Que por dentro me devora

A presença saudosa transcende em sonho
Contemplar-te dissipa o pranto
Pois meu amor é metamorfose do eterno

sábado, 4 de setembro de 2010

eden




estou em queda....frágil porcelana
de lágrimas me visto .... num choro que queima
agonizo na tristeza que não partilho
clamo por algo e não me ouvem

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

dor



Talvez hoje eu nada sei...
Nas cruzadas por onde andei...
Já não sei o que plantei...
Se amores tão presentes...
Ou amantes tão distantes...

Hoje choro pelo tempo que passou...
Hoje choro por tudo que não vivi...
De nada me arrependo...
Dos sonhos que criei... Que sonhei...
Que planeei e que também vivi..

A dor de um coração...
Viajo no meu mundo tentando entender...
As razões deste abandono...
Coração sagrando...
Olhos lacrimejando...
É assim que hoje vivo...
Com esta dor que não quer passar...

Hoje talvez mais uma vez...
Decepcionada magoada...
Vou tentando sobreviver...
Tentando entender onde errei...
Ou realmente nasci só para amar...
E nunca ser amada como queria ser...
Tomem cuidado não se apaixonem...
Apenas amem e vivam o amor...
Pelo tempo que durar...

domingo, 8 de agosto de 2010



o escrito de séculos passados
ressurge na emoção presente
em amores decantados

na caminhada viajantes
sentimentos perpetuam
retornam em instantes

êxtases revividos
na lira dos poetas

sonhos renascidos

os nossos sinais vigentes
conflitos, dilemas, epopéias,
quando já formos distantes...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

elos



Cessar um doce olhar
Fazer a dor não se calar
Ter a frase interrompida
Parar as trilhas da vida
Ruir-se na despedida

São elos rompidos...

Na alma são feridos
Na canção vil tema
No amor teorema
Nos passos dilema
Nos pedaços da gente...

São elos partidos...(cadente)

Os elos são correntes
Ligando o futuro no presente
O passado no ausente...

rios




Ninguém detém os rios dos teus olhos quando choram
Pois no seu manso correr transbordam os teus medos.
O dique dos sentimentos que te represaram,
Rompeu-se com a dor de mais um fim de sonho ...
Tento segurar pelos dedos a fluidez dos nossos melhores momentos
Afogados nas lembranças desses rasos sentimentos .
Torrentes e lágrimas desceram turvas meu amado
Pelas ondas sinuosas das tuas curvas e vales...
Não se mede mais a vazão forte da antiga paixão
Nem a fria fonte que saciava a sede do coração.
Não te iludas com a passividade dessa força
Pois a correnteza te levará por rios e rácios diferentes...
Enfim a foz guiará ao azul mar as nossas raízes
Onda por onda , até a uma ilha com sol iluminada.
Sol e terra serão então a nossa nova morada,
Madurando sementes e folhagens,
Acercando às dores a nossa sede,
humedecendo novamente a fruta enamorada
No qual a tua doçura a mim foi destinada...
A Thule da boa temperança será a nossa nova aliança
Eternizando a cumplicidade de todos os nossos amores
Na fértil terra dessa paixão criança

terça-feira, 22 de junho de 2010

Céu e Luz




Luz...
...Imersão
Quarto
sala
...Salão

Espaço
...Imensidão
Vaga...
...Alenta...

...Suspiros
Em espelhos
Pequenos
Multiplicam-se...

... Sensações
Fortes
...oprimem
Emoções...

Vagalhões
Soltos...
...Corações
Contidos...

...Atos
Profusos...
Sufocam
...Ilusões...

...Acalentos
Ermos
Silêncios...
...Apertos

...Pensamentos
Vagos...
... Esperanças
Trazem...

...Alegrias vãs...
Paredões em vãos...
...Espessos espaços...

“Quarto... Janela”

...janela aberta...

...E o mundo é todo o céu...
E a paz pode ser toda tua...




Em qualquer situação da vossa vida procurem lembrar:
'Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de sí mesmo'

segunda-feira, 21 de junho de 2010

As cores dos meus dias




Nevoeiros rosa grená, visões nocturnas transparentes.
Cores diversas, músicas aleatórias sem definições.
Tom sobre tom invadem a minha capacidade de pensar.
Hei-de pensar em algo peculiar para o meu dia a dia.

Dias conturbados sem opções! Vejo cores nas ruas.
Labirintos extensos provocam-me! Beco sem saída.
Visita-me ó agonia, deixai-me a mercê do ocaso.
Que venha o inusitado, que venha sem passado.

Coração azul independente navega solto por aí
Viajando e indagando horizontes perdidos e cedidos.
Frequência amarela em forma de círculos espirais.
Tudo muda de cor naturalmente como as ondas do mar.

Acordo no meio da noite a respirar a tua presença vazia.
Ausência inexplicável de sons! Imagino-te ó dor voraz.
Riscos coloridos se juntam e formam imagens inexistentes.
Torno a suspender as horas, pauso no tempo preciso do dia.

Estou entre o vão da realidade e o meu universo estático.
La fora a vida pulsa, pulsa como meu pulso pulsa – Lilás.
Eu faço a pauta da vida e solto o som da melodia presa.
Fixação óbvia por uma personagem metódica e inconstante.

Uso tons avermelhados para soltar as palavras do meu interior.
Pronuncio discretamente os meus desejos através dos meus lábios.
Mando-te músicas como recados simulados à minha vontade.
Espero a tua decisão sem sair desse mundo irreal! Espero-te.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

destino




Roleta russa,
Jogo de dados.
Gira o corpo,
Dança ocasional.
Acidental poesia,
Tortura mental.
Grave dilema.
Palavras indecifráveis.
Pedras atiradas,
Risco de vida.
Frágil peito desnudo.
Ameaça das paixões,
Mistérios do amor.
Agitação íntima.
Fuga das conclusões.
Indiferença às origens,
Medo das mentiras.
Perdida bola terrestre.
O último gole,
O copo que transborda,
Bebedeira de dia a dia.
As peças do xadrez,
O pontapé no tabuleiro.
Quebrando as regras,
Perdendo as rédeas.
Inúteis tentativas.
O correr as armas,
Paus e pedras.
Todos armados.
Corações martirizados,
Olhares de medo.
Ódio dementado.
Fúria dos loucos,
Choro insensível.
O jogo por acabar.
Embates e confrontos.
Galos e esporas.
Lâmina na escuridão.
Ferimento e sangria.
Sal e aridez da boca.
Língua que fere,
Veneno dos hipócritas.
Anjo rebelde.
Prece desesperada,
A dor que ensina.
Mares de lágrimas.
As passivas praias...
E o oceano tudo leva.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Moras num livro



Moras num livro envelhecido pelo tempo
Em que encerrei o teu corpo, príncipe da fantasia
Na infância longínqua em que o destino nos sorria
E onde te fiz cativo da infinidade de um momento.

Hoje abri esse livro com perfume a nostalgia
E de novo te amei em cada promessa louca e renovada.
Estavas inteiro, esculpido nas palavras da poesia
De semblante efebo e de olhar quedo no nada.

Infante forjado numa manhã serena e fria,
Desejo seria colher-te das descoradas folhas de papel,
E levar-te a beijar o vento nas asas de um corcel

Sou a mesma criança absorta e de face vazia,
De olhos negros e fundos como o coração da noite.
Moras num livro, onde o idílico amor ainda é doce...

domingo, 2 de maio de 2010




Se os teus olhos não fossem tão belos

e a noite não se tornasse tão clara,

andaria confusa, sem sentido algum

pelas ruas geladas dos sem rumo.



Noutra altura, que não esta, pássaros voavam

graciosamente sobre o teu céu de pétalas

e os Zéfiros, incansáveis, belas melodias tocavam

nas clareiras esquecidas por entre as frestas,

de onde sorrateiro fugiste.



Todo o império do Paraíso ruiu na escuridão,

pois de lá te esgueiraste para o meu coração

e desde então, toda a poética de viver Só

deixou de existir, porque a companhia de um Anjo

em mim se fez sentir…