quarta-feira, 28 de abril de 2010

Infinito



Gostaria de poder voar e tudo alcançar
Cruzar o céu, desertos de terra e mar
Para que apenas com um doce gesto
Em meus braços te pudesse albergar

Fosse o horizonte o meu alento,
E a sua linha apenas fruto da ilusão
Tão inexistente seria o meu tormento
Se nesse abraço estivesse o teu coração

E esta ânsia que me percorre
Na tua longa distância de devastação
Nessa linha em que o tempo corre

Nada passa para além da solidão.
Será este desejo apenas fantasia,
Ou ter-te-ei eu novamente um dia?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

No sonho de uma Noite




Deslizo pelas rugas dos lençóis,
O lume do dia
Vem brincar sobre o teu corpo.
Olho-te…Espero-te…
Saímos,
Vulgos exploradores,
Com vontade de descobrir recantos
Torná-los nossos.
Naquela loucura infantil
Característica dos amantes.
Conduzida por Ti, sorvo ruelas
Vislumbro varandins a dourar ao sol
Dirigimo-nos ao mar
Sabes sempre,
Adivinhas sempre, onde quero estar!
Sol, areia e salpicos salgados.
Envolto pelas lágrimas marinhas,
Reflectes-te em mil pedaços,
Cada qual com o seu brilho,
A sua cor…
As minhas mãos procuram as tuas,
Querem entrelaçá-las, guardá-las…
Hoje, tenho as tuas gargalhadas,
Diluídas na brisa fresca que teima em brincar com os meus cabelos.
Os raios de sol vêm,
Suavemente,
Despedir-se de nós….
Deslizo pelas rugas dos lençóis
E, acordo d’um dia perfeito
No sonho de uma noite.

cinzas





O brilho, orla metálica

deslizando sobre

as falanges desertas

simples arremesso

entre o sentido

e a palpitação

fluindo sob o adarve da aorta

e a masmorra do ventrículo

como se a noite depusesse

a pétala, no cinzeiro lírico do amor

e aguardasse uma só face

estendida na promessa,

oxigenando o rosto do beijo,

sobre o jorro das cinzas agasalhadas

numa só face…

a tua face,

desenleando ternos olhares nas mãos

que te ampararão.

Amor de Noite e Dia





Meu amor, eu sou a noite,

Meu amor, tu és o dia.

Que o meu coração se afoite,

A controlar-te a rebeldia.



Se todas as noites pernoito,

Contigo no pensamento,

Merecia em algum momento,

O beijo, que no peito acoito.



Dá-me uma réstia de esperança,

Dá-me Sol na noite escura,

Furta -me desta tortura,

Faz-me sentir uma criança.

Lá em extremos opostos,

Quando a noite beija o dia,

Há uma luz fugidia,

Espalhada nos seus rostos.