terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Amor

Talvez seja verdade que não existimos enquanto não houver quem veja que nós existimos, que não falamos enquanto não houver quem ouça o que estamos a dizer, no fundo, não estamos completamente vivos enquanto não formos amados.
Poucas coisas são tão estimulantes e simultaneamente aterrorizadoras como saber que somos o objecto do amor de alguém, já que para quem não está completamente convencido de que merece ser amado, ser alvo de carinho é como receber uma grande honra sem perceber bem porquê.
Assim que se resolve descobrir sinais de atracção mútua,tudo o que o ser amado diz ou faz pode ser interpretado como significando practicamente o que se quiser.
Só nos apaixonamos quando não sabemos por quem estamos apaixonar-nos.
Se nos apaixonamos com tanta rapidez, talvez seja porque a vontade de amar precede o objecto do amor.
Apaixonamo-nos na esperança de não encontrarmos no outro aquilo que sabemos existir em nós - cobardia, fraqueza, preguiça, desonestidade, acomodação e estupidez.

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